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quarta-feira, 3 de julho de 2013

PMs reclamam de cansaço

O Estádio Maracanã teve, no domingo da final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha, o maior esquema de segurança de um evento esportivo já visto no Brasil - 11 mil homens, entre policiais militares, civis e agentes da força nacional. Mas nem por isso tudo foi perfeito. Em meio aos protestos que reuniram cerca de 7 mil pessoas no entorno do estádio e terminaram em confronto, policiais militares reclamaram do cansaço, das condições ruins de trabalho e mostraram o próprio despreparo.
Quando os manifestantes estavam próximos do Maracanã, as forças de segurança cumpriram acordo com o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): policiais militares com escudos e capacetes foram postados na primeira fileira do bloqueio. O Batalhão de Choque, com suas bombas de gás lacrimogênio e armas de balas de borracha vinha só num terceiro cordão, atrás da Força Nacional.
Alguns PMs, logo na comissão de frente e no contato direto com os manifestantes, deixavam aparente o cansaço - a reportagem flagrou um agente que não mal conseguia manter os olhos abertos logo na primeira linha do cordão de isolamento do estádio - de dias de trabalho redobrado com a segurança da Copa das Confederações, os protestos e os bicos que complementam o salário.
“Faz 20 dias que a gente trabalha sem parar. É um turno de 24 horas, aí tem que fazer o bico de segurança na folga e a folga no dia seguinte é cassada por causa de tudo que está acontecendo. Está f...”, disse um PM que pediu para não ser identificado, depois que os ânimos do protesto do Maracanã já tinham se acalmado.
Resultado: quando voaram os primeiros coquetéis molotov (13 foram apreendidos antes de serem utilizados) e pedras - parcela dos manifestantes deu início ao confronto -, foi a parte mais frágil da segurança que sofreu primeiro. Pelas imagens do confronto, foi possível perceber que alguns acabaram atingidos por pedras e pelo menos um por um coquetel molotov: o uniforme do policial em questão pegou fogo na altura da perna, mas foi apagado por um colega.
A corporação informou que três agentes ficaram feridos. Sem contar os afetados pelo gás  lacrimogêneo, já que os PMs não têm máscaras de proteção. Claro que eles não ficaram satisfeitos com esta exposição, principalmente quando um helicóptero do Batalhão de Choque voou baixo sobre a área de confronto, na esquina da avenida Maracanã e da rua São Francisco Xavier, e espalhou o gás, que chegou a ser sentido dentro do estádio, a 500 metros dali.
“Esses caras do Choque são uns filhos da p... Para que sobrevoar tão baixo? Só pra jogar gás na nossa cara?”, reclamou uma oficial enquanto sentia a ardência do gás nos olhos. Sem saber o que fazer, foi orientada pelo fotógrafo do Terra a não esfregar as mãos no rosto e cheirar vinagre, métodos que parecia desconhecer em meio ao desespero do confronto.
Antes e depois do confronto, cansados, com fome e apertados - não tinham direito a lanche durante o turno de trabalho e precisavam pedir licença aos poucos comerciantes com bares abertos para ir ao banheiro, os PMs ainda tiveram de escutar impávidos provocações variadas.
“Falta organização para nossa polícia. A gente é mandado pra cá e, se bobear, não nos dão nem um copo d`água. Vários manifestantes gritaram na nossa cara contra a desmilitarização da PM. Isso eu também quero. A gente concorda com os manifestantes, mas temos de cumprir ordens”, explicou um policial. “A gente sabe que a PM hoje é mal vista pela sociedade. Mas, na hora que o couro come, você vê alguém da polícia civil? Não, né?”, questionou outro policial militar

                       Fonte: TERRA ESPORTES

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