Um
alojamento que abriga policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar do
Rio, responsáveis por controlar a recente onda de manifestações na cidade, não
tem instalações adequadas para atender a todos nos plantões.
Vídeo
feito por um policial militar no alojamento dos praças (aqueles que não são
oficiais), ao qual a Folha teve acesso, mostra policiais dormindo no chão, em
colchonetes que trazem de casa, já que não há camas.
Os
policiais do Batalhão de Choque trabalham em esquema de plantão, 24 horas de
prontidão e 72 horas de folga.
E
a escala fica sujeita a alterações em razão das manifestações. O regime na Copa
das Confederações foi de 24 horas de trabalho por 24 horas de descanso.
Além
das manifestações, os policiais militares do Choque atuam também em operações
de combate ao tráfico de drogas em favelas. O batalhão vem sendo alvo de
reclamações por causa de supostos excessos para controlar manifestantes.
Nos
últimos dias, dois policiais foram afastados por terem agredido uma jovem em um
ato contrário ao governo de Sérgio Cabral (PMDB).
COLCHONETES
Na
sede do batalhão, no centro da cidade, há três alojamentos para os policiais,
um deles para os oficiais.
O
vídeo mostra o maior dos três, com cerca de 500 metros quadrados. O local é
ocupado diariamente por um efetivo de 40 a 50 homens. Não há nem sequer uma
cama. Quando há manifestações na cidade, o efetivo chega a 100 homens no
dormitório.
Os
PMs se apresentam de manhã e ficam no quartel até a hora do protesto,
geralmente no início da noite.
Apesar
da qualidade baixa do vídeo, é possível observar pelo menos 13 colchonetes no
chão de salas repletas de armários. Um policial de farda cinza e coturno dorme
de bruços em um dos leitos improvisados. O brasão do Choque aparece pintado na
parede.
O
lugar é sujo, com ratos e baratas, o que faz com que muitos policiais prefiram
dormir dentro dos carros da PM em vez de deitar no chão.
De
acordo com o policial, em um segundo alojamento, que comporta por volta de 30
homens, há somente dez camas. Um quarto alojamento foi transformado em sala de
treinamento de lutas.
De
acordo com um policial ouvido pela Folha, quando há convocação extra de
policiais, o banheiro, por exemplo, fica sujo em menos de três horas. Existe
uma equipe de limpeza, mas que não dá conta da demanda.
O
batalhão possui atualmente em torno de 1.200 policiais, entre homens da área
operacional, instrutores e funcionários administrativos.
OUTRO
LADO
O
comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio, tenente-coronel
Márcio Rocha, informou à Folha que está "realizando, em caráter de
urgência, um diagnóstico real da situação" dos alojamentos da corporação.
A
partir do diagnóstico, uma proposta de reforma das instalações que abrigam os
policiais deverá ser levada ao comandante-geral da Polícia Militar, coronel
Luiz Castro Menezes.
O
comandante do Batalhão de Choque foi informado pela reportagem, por meio da
assessoria de imprensa da corporação, sobre as denúncias a respeito das
condições do alojamento.
Em
resposta, Rocha, que assumiu o comando do batalhão há uma semana, afirmou que
em conversa com policiais da unidade ouviu deles que "realmente há uma
carência importante no que se refere às instalações no Regimento Caetano de
Farias [sede do Choque], principalmente nos alojamentos".
O
tenente-coronel da Polícia Militar informou ainda que o quartel, que é tombado
desde 2004, completou 100 anos neste mês e " historicamente convive com
este tipo de problema".
Fonte: Folha de São Paulo
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