Categoria alega que mesmo com reajuste, salário
continuaria um dos mais baixos do estado. Se não houver acordo, agentes podem
entrar em greve no Carnaval
Rio - Os servidores da Guarda Municipal do Rio
recusaram a proposta da prefeitura de reajuste de 21%. Representantes da
categoria alegam que, mesmo com a correção, o salário dos agentes continuará um
dos mais baixos do estado. Além disso, eles são contra o plano de cargos, que
prevê período de dez anos até a primeira promoção dos funcionários. Se não
houver acordo, é possível que os guardas entrem em greve no Carnaval.
Um dos criadores da Frente Manifestante, responsável
pela organização das assembleias dos guardas, Marcos Crisciullo explica que a
proposta do prefeito foi de aumento real de 15,5%, mais a inflação de 5,56%,
correspondente ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isso resultaria
em correção total de 21%, que seria pago no contracheque de março e creditado
em abril, segundo o guarda. Levando em consideração que o salário-base inicial
de agente é de R$753, com o aumento subiria a R$ 911.
“Achamos o valor irrisório. Continua uma vergonha. Na
pauta, pedimos salário inicial de R$ 1.800, mais a gratificação de risco”, diz
Crisciullo. Além disso, ele afirma que com o salário atual, os trabalhadores
não descontam o Imposto de Renda, mas com o aumento proposto e as
gratificações, alguns passariam a descontado IR.
Para o guarda Eduardo Cabral, que também faz parte da
frente, o maior problema é o Plano de Cargos. Hoje, esses servidores são
escalados por níveis, de GM1 a GM6. Segundo a proposta da prefeitura, a
promoção de GM1 para GM2 levaria dez anos. Com 35 anos de serviço, o agente
chegaria a GM4. Para atingir os níveis 5 e 6, seria preciso se submeter a
avaliações e provas.
“A prefeitura não tem intenção de valorizar seu
profissional. Os garotos que entram agora já estudam para outros concursos, pois
não vislumbram futuro na instituição. O que queremos é um reconhecimento
salarial”, conta Cabral.
Procurada, a Secretaria de Casa Civil informou que a
questão agora é de responsabilidade da própria Guarda Municipal. Esta, por sua
vez,foi contactada pela reportagem, mas até o fechamento desta edição não havia
se manifestado sobre o assunto.
Assembleia será no dia 27
De acordo com um dos representantes da categoria
Marcos Crisciullo, haverá nova assembleia no dia 27, às 20h, na Central do
Brasil, para decidir sobre a greve. A Frente Manifestante espera cerca de três
mil pessoas no encontro.
Se a greve for deflagrada, terá início no dia 1º de
março, sábado de Carnaval. “O prefeito foi bem claro, disse que esta era a
última proposta dele e que as portas se fechariam se a gente não aceitasse. Mas
não temos como concordar com esses termos”, alegou.
Para Eduardo Cabral, a possibilidade de paralisação é
grande. “A categoria quer muito a greve”, disse.
Os guardas municipais pedem ainda a revisão das
atribuições. Ou seja, serviços como a fiscalização de camelôs ou controle de
arrastões na praia deixariam de ser função da GM.
Além disso, os agentes são contra a administração da
corporação por parte de policiais militares, inclusive na corregedoria. Eles
alegam que a guarda deve ter comando próprio.
Por fim, eles querem que a prefeitura deixe de pagar o
adicional aos policiais militares que trabalham na GM como reforço.
Jornal O Dia
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