Priscila, 23 anos, era a voz feminina que falava para a multidão no Centro do Rio
Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Rio - O movimento contra o aumento de
passagem no Rio chamou a atenção não apenas pelo fato de a população ter
voltado às ruas depois de anos de silêncio, mas também pelo perfil dos líderes,
que se definem como apartidários, e a forma de organização, iniciada na
Internet.
A
manifestação foi organizada pelo Fórum de Lutas Contra o Aumento das Passagens,
criado no Facebook por estudantes do Ensino Médio e universitários,
aproveitando a mobilização ocorrida na campanha de Marcelo Freixo (Psol) para a
prefeitura do Rio, no ano passado.
Os
partidos políticos de oposição aos governos Eduardo Paes e Sérgio Cabral, no
entanto, não ditam os rumos do grupo, que tem entre os coordenadores (eles não
gostam do termo líderes) jovens como Fabrício Silva, Gabriela de Mattos Machado
e Raphael Godoi.
“Não me sinto representado por nenhum
partido e não acredito que o comunismo seja viável. Me defino como de
centro-esquerda. Mas sem partido”, ratifica Raphael, de 16 anos, morador da
Tijuca e aluno do Colégio Batista.
Foi ele quem convocou pelas redes
sociais o primeiro ato contra o aumento das passagens, que reuniu 300 pessoas
no dia 24 de novembro, em frente à prefeitura.
“A
gestão pública é muito ruim na questão dos transportes. Derrubam os juros para
a classe média comprar carros, mas as ruas estão saturadas. E quem precisa de
transporte público paga caro por um serviço ruim”, argumenta o jovem.
“Temos um interesse comum, que é rever
esta política. A passagem aumenta, mas o salário do motorista, não. E ele ainda
tem de fazer a função de cobrador”, diz Priscila, que discursava enquanto os
parlamentares do seu partido, Janira Rocha, Eliomar Coelho e Renato Cinco
estavam junto ao povo.
Dentre os coordenadores do protesto, o
único com perfil clássico de manifestante é Julio Anselmo, que foi candidato a
vereador pelo PSTU e integra a Anel (Assembleia Nacional de Estudantes Livre),
alternativa criada à UNE, hoje governista.
“Por que o aumento da passagem é
sempre acima da inflação e o salário, não? É justo?”, questiona Julio, que
estuda Filosofia na UFRJ.
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