O Estádio
Maracanã teve, no domingo da final da Copa das Confederações entre Brasil e
Espanha, o maior esquema de segurança de um evento esportivo já visto no Brasil
- 11 mil homens, entre policiais militares, civis e agentes da força nacional.
Mas nem por isso tudo foi perfeito. Em meio aos protestos que reuniram cerca de
7 mil pessoas no entorno do estádio e terminaram em confronto, policiais
militares reclamaram do cansaço, das condições ruins de trabalho e mostraram o
próprio despreparo.
Quando os
manifestantes estavam próximos do Maracanã, as forças de segurança cumpriram
acordo com o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB):
policiais militares com escudos e capacetes foram postados na primeira fileira
do bloqueio. O Batalhão de Choque, com suas bombas de gás lacrimogênio e armas
de balas de borracha vinha só num terceiro cordão, atrás da Força Nacional.
Alguns
PMs, logo na comissão de frente e no contato direto com os manifestantes,
deixavam aparente o cansaço - a reportagem flagrou um agente que não mal
conseguia manter os olhos abertos logo na primeira linha do cordão de
isolamento do estádio - de dias de trabalho redobrado com a segurança da Copa
das Confederações, os protestos e os bicos que complementam o salário.
“Faz
20 dias que a gente trabalha sem parar. É um turno de 24 horas, aí tem que
fazer o bico de segurança na folga e a folga no dia seguinte é cassada por
causa de tudo que está acontecendo. Está f...”, disse um PM que pediu para não
ser identificado, depois que os ânimos do protesto do Maracanã já tinham se
acalmado.
Resultado:
quando voaram os primeiros coquetéis molotov (13 foram apreendidos antes de
serem utilizados) e pedras - parcela dos manifestantes deu início ao confronto
-, foi a parte mais frágil da segurança que sofreu primeiro. Pelas imagens do
confronto, foi possível perceber que alguns acabaram atingidos por pedras e
pelo menos um por um coquetel molotov: o uniforme do policial em questão pegou
fogo na altura da perna, mas foi apagado por um colega.
A
corporação informou que três agentes ficaram feridos. Sem contar os afetados
pelo gás lacrimogêneo, já que os PMs não têm máscaras de proteção. Claro
que eles não ficaram satisfeitos com esta exposição, principalmente quando um
helicóptero do Batalhão de Choque voou baixo sobre a área de confronto, na
esquina da avenida Maracanã e da rua São Francisco Xavier, e espalhou o gás,
que chegou a ser sentido dentro do estádio, a 500 metros dali.
“Esses
caras do Choque são uns filhos da p... Para que sobrevoar tão baixo? Só pra
jogar gás na nossa cara?”, reclamou uma oficial enquanto sentia a ardência do
gás nos olhos. Sem saber o que fazer, foi orientada pelo fotógrafo do Terra
a não esfregar as mãos no rosto e cheirar vinagre, métodos que parecia
desconhecer em meio ao desespero do confronto.
Antes e
depois do confronto, cansados, com fome e apertados - não tinham direito a
lanche durante o turno de trabalho e precisavam pedir licença aos poucos comerciantes
com bares abertos para ir ao banheiro, os PMs ainda tiveram de escutar
impávidos provocações variadas.
“Falta
organização para nossa polícia. A gente é mandado pra cá e, se bobear, não nos
dão nem um copo d`água. Vários manifestantes gritaram na nossa cara contra a
desmilitarização da PM. Isso eu também quero. A gente concorda com os
manifestantes, mas temos de cumprir ordens”, explicou um policial. “A gente
sabe que a PM hoje é mal vista pela sociedade. Mas, na hora que o couro come,
você vê alguém da polícia civil? Não, né?”, questionou outro policial militar
Fonte: TERRA ESPORTES
Nenhum comentário:
Postar um comentário